Campinas (SP) teve o mês de janeiro mais chuvoso dos últimos seis anos. Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp, foram 360 mm de água até a tarde desta terça-feira (31), número 24,5% acima da média histórica esperada para o período, que é de 289 mm.
O volume de chuva surpreendeu até os meteorologistas, que esperavam que janeiro fosse mais seco este ano. Segundo o professor Hilton Silveira, do Cepagri, nos últimos 15 dias, a situação no município mudou por causa da Zona de Convergência do Atlântico Sul.
"Temos uma descida de ar úmido da Amazônia e isso faz o que chama Zona de Convergência do Atlântico Sul. Então, toda essa umidade que vem da Amazônia significa mais chuva", afirma.
10 dias
Nesta segunda-feira (30), a forte chuva que atingiu Campinas alagou ruas e derrubou árvores. Segundo o Cepagri, às 16h50, os ventos chegaram a 85,6 km/h.
A Defesa Civil informou que foram 64 mm de água, quantia esperada para 10 dias. Com isso, o córrego da avenida Orosimbo Maia transbordou e moradores registraram pontos de alagamento no Jardim Guanabara. Na rua Jorge de Miranda, no Botafogo, carros boiaram.
A avenida Princesa D'Oeste também virou um rio. Na avenida Lix da Cunha, um carro tentou atravessar o alagamento e parou no meio do caminho. O muro da escola Culto à Ciência desmoronou.
A Prefeitura confirmou pontos de alagamento na avenida Amoreiras, na região do Kartódromo, Curtume e Delfino Cintro, além da Orosimbo Maia. Segundo a Defesa Civil, foram quatro quedas de árvores, duas delas sobre carros. Não houve vítimas.
Rios
Na madrugada da quarta-feira (18), em Campinas, o Rio Atibaia transbordou no distrito de Sousas. Em pouco tempo de chuva, a cheia alagou a região da Rua Maneco Rosa, perto da subprefeitura.
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) interditou a rua durante a madrugada, e o acesso ao local foi desviado. De acordo com a subprefeitura, 42 famílias vivem no beco do Mokarzel, um dos locais mais afetados pela cheia do Atibaia, responsável pelo abastecimento de água de 95% da cidade.
No Jardim Piracambaia, casas e estradas também ficaram debaixo d'água. No entanto, segundo a Defesa Civil, na quarta à tarde, o nível do rio tinha baixado e não havia mais pontos de alagamento.
Chuvas históricas
Segundo dados do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em 1929, o município registrou o índice histórico de 649,5 mm de chuva, ou seja, quase três vezes mais do que a média esperada para o mês.
Em 1899 e 1922 também choveu quase o dobro da média. No entanto, os estragos nesse período não eram tão intensos quanto agora, já que a cidade era bem menos urbanizada e impermeabilizada.
"Antes, demorava muito mais para essa água chegar no rio porque tinha que infiltrar o solo, um caminho longo para percorrer. Agora não, choveu a enxurrada já vai direto lá para o rio. Isso acaba trazendo danos", conclui o pesquisador do IAC Orivaldo Brunini.
Fonte: G1 CAMPINAS E REGIÃO