Notas Técnicas
Balanço Meteorológico Mensal – Setembro/2020
SÍNTESE
Observação: Análise feita com base nos dados da estação meteorológica do CEPAGRI, em Barão Geraldo – Campinas, válida para a Região Metropolitana de Campinas. Alguns dados podem apresentar divergências com outras estações meteorológicas na região, sobretudo extremos de temperatura e precipitação, que podem acontecer devido à localização das mesmas e à ocorrência de chuvas muito isoladas e/ou localmente fortes.
Setembro de 2020 foi o setembro mais quente desde que o Cepagri iniciou as observações meteorológicas, com temperaturas médias 2,8ºC acima da média histórica. A Tabela 1 mostra o resumo mensal de temperatura e precipitação em comparação com as médias do período 1990 – 2019. Além disso, houve um déficit expressivo no acumulado de chuvas, que totalizaram somente 35% da média. A Figura 1 mostra os valores diários de temperatura mínima e máxima e de precipitação acumulada em 24h. Nota-se que as temperaturas estiveram em ligeira elevação ao longo da primeira quinzena, superando a marca de 35ºC. Entre os dias 15 e 23 houve duas ocorrências de queda nas temperaturas, principalmente nas máximas. Entre os dias 14 e 15 uma frente fria que estava estacionária entre SC e PR avançou pelo oceano e provocou uma pequena e breve queda nas temperaturas no leste do estado de SP, e entre os dias 19 e 20 a passagem de uma frente fria pelo litoral causou uma queda mais expressiva e duradoura nas temperaturas, além de trazer chuva abundante. Além desse episódio de chuva, houve o registro de 1 mm de precipitação no dia 28. Tipicamente os meses de setembro contam com 5 a 6 dias de chuva de volume igual ou superior a 1 mm, mas em setembro desde ano houve somente 2. Até o momento, o Cepagri registrou 652,3 mm de chuva em 2020, sendo que o volume acumulado de chuvas até o final de setembro é de aproximadamente 930 mm, em média. Portanto, as chuvas acumuladas até então representam 70% do volume esperado para o período janeiro - setembro.
A Figura 2 mostra a chuva acumulada para os meses de setembro desde 1990, e indica grande variabilidade interanual. Além disso, desde 2016 a média histórica de chuva acumulada não é atingida.
QUADRO EXPLICATIVO
As altas temperaturas, o baixo volume de chuvas e o pequeno número de dias de chuva pode ser explicado pela presença uma massa de ar quente associado a um bloqueio atmosférico que persistiu durante todo o mês em boa parte do centro-oeste e sudeste do Brasil, provocando uma extensa e intensa onda de calor nessas regiões. O bloqueio atmosférico tem impedido a passagem de frentes fria e o avanço de massas de ar frio por sobre o estado, forçando-as a seguir pelo oceano, além de favorecer a intensificação da massa de ar quente pela sua ação prologada, inibindo a formação de nuvens e proporcionando temperaturas elevadas. Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia, recordes históricos de temperatura máxima têm sido quebrados ao longo dos últimos dias em várias localidades dessas regiões brasileiras.PROGNÓSTICO METEOROLÓGICO E CLIMÁTICO PARA OUTUBRO
Observação: O Cepagri não elabora previsão climática/sazonal, apenas divulga as previsões elaboradas pelos órgãos responsáveis no Brasil (INMET/CPTEC/FUNCEME) e por instituições internacionais, incluindo apenas uma nota explicativa direcionada para a Região Metropolitana de Campinas.
O mês de outubro é tipicamente o mais quente do ano, com temperatura média de 23,7ºC, além de marcar o início da estação chuvosa. A média de precipitação (1990-2019) é de 120 mm distribuídos entre 8 e 9 dias com chuva.
METEOROLÓGICO – GFS/ECMWF 15 DIAS
Os modelos globais GFS e ECMWF apontam para uma persistência do bloqueio meteorológico até o dia 10 de outubro, quando se perde intensidade e passa a atuar mais a norte. Dessa forma, não há previsão de chuvas significativas na região, a não ser por possíveis pancadas de chuva isoladas. A partir do dia 11, no entanto, com o afastamento do bloqueio atmosférico, há previsão de chuvas recorrentes, que devem ocorrer até o dia 14 em todo o estado de SP.
CLIMÁTICO
O modelo climático do Instituto Nacional de Meteorologia aponta para um mês de outubro com chuvas e temperaturas dentro ou um pouco acima da média climatológica.
Elaborado pelos meteorologistas Bruno Kabke Bainy e Ana Maria Heuminski de Ávila.